sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Sim, eu ainda vejo flores em você.

Eu ainda vejo flores nas sarjetas
Nas cercas que nos separam
Nos muros que nos dividem
Nas escadas que não alçamos;

Eu ainda vejo flores nos olhos
Nas mãos que não tocamos
Nas bocas que não beijamos
Nos pés que não seguimos;

Eu ainda vejo flores nas esquinas
Nos automóveis que nos oprimem
Nos aviões que nos deixaram aqui
Nas nuvens de sonhos de algodão;

Sim, eu ainda vejo flores em você
No bom dia que nunca trocamos
Nas mensagens que nunca lemos
No amor que nunca mais acreditamos;

As flores resistem aos séculos, meu bem
Resistem ao ar, aos homens, ao fogo
Resistem à mágoa, à memória e à saudade
Eu tento também.

(Mariana de Almeida)






quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Do amor.

Uma vez soube do amor

Me disseram tantas coisas

Que preencheria minha alma

Afastaria meus medos todos

Aqueceria meu peito no inverno

Que o vinho seria compartilhado

Nossos laços seriam sagrados

Me disseram que valeria a pena

Eu veria o sentido de tudo, a vida

E o grande mistério se dissiparia.


Uma vez então conheci o amor

Foi tanta felicidade que não pude me conter

Acordei o amor às três da madrugada, em êxtase

Para lhe jurar que aquela alegria nunca acabaria

Depois nos amamos com selvageria até o dia amanhecer

E sim, logo cedo o sol invadiu a janela do nosso quarto

Depois foram tantos planos, desejos, sonhos e paixão

Casa, viagens, filhos, empregos, boletos e mais paixão

Programamos toda nossa felicidade até noventa anos

Quanta alegria e pureza é o amor!


Então quando tudo poderia ter sido nosso,

O amor adoeceu, sua aura clara escureceu, o frio chegou em nós

Por isso o amor um dia se foi, abriu a porta sem dúvidas e partiu

Precisava de ar, espaço, música, um porre na Vila Madalena ou Berlim

A sua coragem em estancar a sangria, ainda que com alguma ternura, feriu-me

O amor ficou louco, transtornou minha vida, cancelou contratos, pagou caro

Deitou-se em outras camas em busca do amor que nunca mais eu lhe daria

O amor foi cruel, impiedoso, sádico, e depois de dias quis voltar à porta

Mas não abri, estava morto, eu precisava aceitar, era preciso fazer a passagem.


Conheci e vivi o amor, bebi do seu vinho e o quis somente para mim,

Perdi e hoje sou uma peregrina de mim mesma, caminho sem saber,

Quando será a ressurreição do amor em minha vida e meu coração

Uma vez o vi perto do mar, na rochas que o cercam, mas não era

Outra vez o vi próximo ao Coliseu, como um gladiador, não era

Outra ainda, no aeroporto, fila de embarque, o perdi de vista, não era também

Às vezes o encontro em meus sonhos ou elevações, e isso me basta por hora,

Pois ao tocar-lhe novamente, nada direi, nada esperarei, nada prometerei

Apenas seremos Sol.



(Mariana de Almeida)










segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Setembro.


Ela não queria mais viver, existir pesava-lhe a alma, doía-lhe o corpo já degastado, lembrar-se doía as memórias todas, os órgãos em luta, cérebro, coração e pés, não havia mais sustentação, pensava ser uma rocha talvez.

Ela queria seu direito ao voo, ser asas na imensidão do espaço, sair da órbita terrestre, quem sabe uma nova galáxia em que pudesse não sentir nenhum peso, não ser matéria, não ser consciência, não ser ninguém que um dia sofreu o abandono primário da existência. Não se pode escrever um livro sem final, nem uma vida, um dia ela pensou.

O corpo demorou muito para responder-lhe aos desejos, encontrou subterfúgios, drogas para acelerar a grande viagem, barbitúricos, álcool, televisão de domingo, noticiários populares, novelas de folhetins, casos de famílias e outras deformações.

Foram anos de distanciamento, reclusão e solidão. Nunca quis falar a respeito ou buscar ajuda especializada. Doía, doía muito. Terapias holísticas, budismo, grupos anônimos, uma religião, cabala, quem sabe? Não! Nada. Bastava esperar que a morte lhe encontraria.

Um dia ela não amanheceu, foi na penumbra da madrugada conquistar a imensidão espacial, deixou corpo, deixou copo, deixou casa, deixou filhos, deixou cachorro e deixou marido. Tinha na face um semblante tão sereno, quase engraçado. Estava livre, leve e parece que até feliz. Há anos não a via assim, aceitei, desejei uma linda viagem e com carinho roguei: Acenda no céu toda a luz que te apagaram na Terra!

Era Setembro, não sei se amarelo, azul ou lilás...mas era Setembro e uma nova primavera se anunciava inevitável em minha vida. Um novo jardim se refaz em meu coração e o vento traz saudades, paz e resignação.

Aceito, molho e floresço.

Sempre verei flores em você.


(Mariana de Almeida)








terça-feira, 15 de setembro de 2020

Consolação.


Ah... uns anos atrás

Eu e você cruzando esse mesmo caminho

Atravessando esse mesmo olhar

Sorrindo as bocas até não poder mais

Narrando os melhores fatos de cada caso,


Ah....uns anos atrás

E nossas mãos distraidamente se tocariam

Sentaríamos na mesa de um bar, na calçada

Um calor intenso, pupilas dilatadas, um cigarro,


Ah... uns anos atrás e ainda correríamos todos os riscos

Uma paixão explosiva em plena Avenida Paulista

Mais dois chopps, um cigarro de menta e um tira gosto

Trocávamos livros de poesias, falávamos de blues e jazz,


Ah... uns anos atrás e eu não desistiria de nada

Não ousaria negar os desejos da pele, da boca ardente

Não esperaria por este mundo, em chamas, acabado

Não ousaria esperar para ser nada, além de tudo o que se é

Carne, sangue, olhos, mãos e amor.


(Mariana de Almeida)



segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Adeus.

   Pensei em escrever uma carta para você, afinal sempre foi mais fácil escrever que falar. Mas hoje não tenho mais essa certeza, as palavras me comovem e escrevê-las é uma grande responsabilidade que envolve nossos destinos e firma o meu carácter. Hoje sei que as palavras têm peso, medida e desejo.

   Ainda assim pensei muito a respeito. Não quero mais brincar com minhas palavras, nem com minha passagem terrena e nem com o meu nobre coração, sim,  hoje eu sei quanta nobreza carrego em mim e em minhas palavras, portanto, preciso dizer-lhe: Não te quero mais, não te desejo mais, não te esperarei mais nem nunca mais. Nunca faremos nada do que dissemos porque nossa centelha vital há muito se apagou e definitivamente perdemos nossa última chance.

   Ufa! Foram anos nos utilizando das palavras erradas! Algumas vezes com carinho, outras com alguma sordidez patológica. Por favor, me esqueça! Não te desejo mais e só desejei antes porque te amava, mas não te amo mais e nem sei de você agora, quem é, o que pensa ou como vive. Nos perdemos entre as escolhas de novos dias.

   Também quero deixar claro o quanto estou satisfeita com esse entendimento, não aguentava mais aquele constrangimento depois de todo: "Olá, como vai? O que tem feito?"  Ainda deseja entrar dentro de minhas roupas? E depois? Ainda haverá silêncio ou discutiremos sobre a queda dos fascistóides do mundo? Basta! Foda-se absolutamente tudo do mundo material, não me importa mais, não me interessa mais crer em nada nem ser usada por nenhum desejo de mundo melhor. Não serei massa de manobra de mais nenhum sonho humanitário.

   Então é isso, adeus, boa sorte e tenha uma longa vida! Quer dizer, longa se esse for o seu desejo, caso não seja... enfim, você deve entender o que quero dizer. Apenas formalidades de despedida, sei lá, que você seja feliz de alguma forma, com outra pessoa, que corra, que emagreça, rejuvenesça, tenha muita libido, transe muito, fique rico, compre terras, viaje para o oriente, experimente novos fumos e vinhos, tenha saúde e tudo o mais, adeus!

   Ah, também não precisa manter boa educação nem formalidades, aliás você deve saber o quanto eu detesto todas essas coisas, cartões de aniversário, cartões postais de qualquer canto do mundo, fotos de lembranças... Se realmente conheceu a mim mais que ao meu corpo, saberá....saberá. 

   Adeus! Me esqueça por favor. Não fomos felizes quando éramos para ser, agora não te desejo mais, não tenho espaço para você na minha vida e nem na minha casa, impossível dividirmos o banheiro, por exemplo, e nem a cama, sinto muito. Adeus, me esquece, tá? É sério, sou muito individualista agora, não consigo nem dividir a Netflix, imagina o resto...

   Adeus, tenha uma vida feliz em algum lugar desse planeta, mas não aqui. Aqui tudo acabou, é sério. Termino por aqui, minhas palavras também já se cansaram. Ofereça novas palavras para novas pessoas, basta de mesmos verbos, afinal é muito deselegante, discursos que foram usados entre nós, agora usados com novas pessoas. Ter que dizer isso, é no mínimo bizarro. É, não tem a menor chance mesmo de qualquer contato, minha boca seca só de pensar... impossível.

   É isso, nada mais a dizer ou declarar, apenas precisamos encerrar isso.

   Sem mais delongas, adeus!

   Cuide-se, não esqueça o remédio da pressão pela manhã, beba muita água e evite o excesso de álcool...

   Adeus... qualquer coisa, se precisar, me envia uma mensagem, você sabe onde me encontrar....adeus.


   (Mariana de Almeida)



   

   


Tempo.

 Tempo de desfazer

O feitiço do tempo

A ira dos deuses

Os desafetos todos,


Tempo de renunciar

Ao amor mal dado

À sementes mal germinadas

As todas promessas feitas,


Tempo de silenciar

Por todos os mortos

Por todas as perdas

Por todas as verdades,


Tempo de sepultar

O passado e seus velhos dias

Os homens e suas palavras frias

As doenças e os mal entendidos,


Tempo de renascimento

Amor próprio

Vento nos cabelos

Pés descalços

Coração sem medo,


Tempo de Ser

Liberdade.


(Mariana de Almeida)








sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Vento.

Quando foi a última vez

Que perguntaram sobre você

com sinceridade e sem julgamentos?

Quando foi a última vez

Que perguntaram sobre a sua felicidade?

Quando foi a última vez 

Que aqueles que te julgam sórdidamente

Demonstraram algum afeto real, 

Um toque de mãos que seja?

Quando foi a última vez que te elogiaram

Ou agradeceram por sua presença em suas vidas?

Quando foi que reconheceram seu valor, além do capital?

Pois se já faz muito e muito tempo 

Não há mais porque permanecer onde está.

Não podemos mais nos sujeitar as relações

Cujo único valor seja o capital

Nem a falsa moral hétero-normativa-branca

Vamos expandir nossas capacidades afetivas

e nos relacionar de forma em que todos sejam aceitos 

Como realmente são.

Basta de violência física e emocional

O novo mundo clama por justiça, bondade e inclusão

E é deste lado que eu quero estar

E é com estas pessoas que eu quero lutar

E é incrível como tantas pessoas infelizes

Querem nos ensinar a receita da felicidade, não é?

Não existe receita de bolo para a felicidade

Nem para viver a vida

Só podemos aprender vivendo e compartilhando.

Não quero mais estar onde não caibo

Não quero mais nada do que só me feriu 

No final, os premiados são sempre os outros.


Fico com a minha humanidade e literatura.


Sinta o vento apenas.

Sinta.


Voo

Não se pode ir para longe

Quem embora tenha pés

Mas não tenha fé


Não se pode atravessar o mar

Quem não vence o ar

Por medo de se afogar


Não se pode bater as asas

Quem feriu o impulso

Do desejo primário de voar


Não, não se pode partir

Quem um dia foi punido

Pelo desejo de paisagem,


Mas não, não se pode ficar

Quem ousou contra

A trinca de ferro da janela

Só para voar aos céus.


(Mariana de Almeida)














Só me cerco dos gentis
Favor não insistir

Tira sua maldade daqui
Que a bondade vai passar

A brutalidade é feia
Pedra lascada sob os pés

Eu gosto é das belezas
Meu caminho é terra tenra.


Mariana de Almeida)




terça-feira, 25 de agosto de 2020

Céu Azul.

    Acordei, ou pelo menos penso que sim. A visão é embaçada, tudo ao redor parece incerto, não sei se é hoje ou ontem ou quem saberia? Isso não deveria importar tanto, o fato é que ainda existo, dói meu corpo e preciso levantar-me. O céu está tão azul, não um azul habitual e sim um azul excepcional, profundo, em camadas e ao mesmo tempo sério, conciso, tão sóbrio... Há um incomodo no peito, uma pigarra, uma tossinha seca e irritante, serão os novos ventos? Não sei, esse azul me intriga e essa pigarra também, são tempos de incertezas e desconfianças. Um pouco de cinza cairia bem para começar mais esse dia de pandemia. Quantos mortos teremos até o final desse dia? Por que mais ninguém se importa? Por que tanto faz se houver mil ou um mil trezentos e cinquenta e três mortos hoje? E se estivermos nessa contagem hoje ou amanhã? Ninguém se importa, é isso.

   Sabe o que mais me revolta em morrer agora? Não ter dito tudo o que eu queria às pessoas, nunca disse nada quando elas me machucaram, foi o famoso: "Deixa para lá, isso não vale a pena...blá blá blá..." Também me revolta não ter dito porque deixei de amá-las, porque desisti de enviar mensagens, desejar feliz aniversários, rir de piadas, debater sobre novos filmes e séries, mostrar o óbvio da vida. Algumas pessoas fizeram um esforço enorme durante toda a vida para nos ferir, impondo verdades idiotas, pensando nas aparências, mesmo sem nunca terem cuidado das suas próprias. Algumas pessoas nem fecham a boca para mastigar suas comidas gordurosas enquanto falam mal de outras pessoas em pleno almoço, as pequenas torturas da vida. Fico feliz em me libertar delas, mas ainda com muita revolta de ter perdido meu tempo de vida assim. Que almas sombrias!

   Senti tanta culpa por decepcionar essas pessoas, acreditam? A vida passando e eu, ao invés de tentar desesperadamente ser feliz com os meus princípios e valores, preferi fingir. Agora bem feito! Veio a pandemia com uma doença fatal esfregar na minha cara a grande idiota que sempre fui, perdi minha vida pensando no que os outros que não eram felizes nem sábios, pensariam sobre mim! Pois uma pandemia é pouco para mim, mereço, no mínimo, duas ou três!

   O céu continua tão azul, sem nuvem, só a fumaça do meu cigarro que se dissolve ao ar e mantém o azul desse dia. O café está quente e é a melhor companhia desse mundo. Penso em você, e em como eu te desejei, como guardei cada risada sua nas melhores lembranças... Nosso amor sempre aconteceu no futuro do pretérito, aceito.

   Já lavei os olhos, apago o cigarro junto ao último gole desse café, um pouco de xarope de mel e própolis para começar o dia vai bem, penso que ainda não será hoje o adeus de tudo, resistirei. Ganho mais esse dia, o céu está tão azul, vocês deveriam ver também, está lindo! Um avião corta o azul rumo ao infinito e tudo se torna realidade. Estou viva!


(Mariana de Almeida).


Lutar por um céu azul e uma vida feliz! - O céu sempre é azul ...

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Não provoque!

Se o mundo
É isso que aí está
Eu dispenso
Sinto muito!
Agradeço
A arte que me toca
O meu mundo
É cor de rosa
Choque!

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Eu sou mulher

Ainda antes de descer os degraus do Inferno
Ela disse-me para arrumar os cabelos
E molhar com tinta os lábios da ilusão
Disse-me para tingir de sangue as unhas todas
E também para abrir os botões da camisa
E insinuar os seios à frente como faroletes;

É preciso saber seduzir para ser uma mulher
Essas foram as últimas palavras ditas por ela
Antes de dirigir-me à porta de saída de emergência
Meu peito tamborilava, descompassado e pétrico
Ao som de sua risada mórbida e língua salivante
À espera de minha grande queda;

Não caí, agarrei-me ao corrimão da razão
Não ajeitei os cabelos ressecados, bravos
Também não lambuzei os lábios com batom
Nem empinei os seios fartos à luz da pretensão
Eu sou mulher, eu sei, de Maria, Eva e Clarice
Eu sou luz na escuridão, venho de longa alcatéia;

Eu sou mulher, eu sei...
Desde pequena tentaram me domesticar
Meu sexo antes da minha razão
Meus lábios antes das minhas palavras
Só desço ao Inferno quando o fogo sou eu
Eu sou uma mulher, eu sei...


(Mariana de Almeida)


quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Exchange

Nossas mentiras

Eram nossas moedas de troca

Quanto vale no câmbio hoje

A nossa última traição?

Demos sorte

Ficamos ricos

No mundo das aparências

Verdade e lealdade

Seguem em baixa cotação.


(Mariana de Almeida)


People in masks with a bouquet wallpapers and images - wallpapers ...




Não

Não me prometa
O que nunca será capaz de cumprir,
Não me prometa o céu
Quando não consegue nem flutuar sobre a terra,
Não me prometa um livro sem palavras,
Não, não queira me iludir
Pois sei quem você é,
E quem nunca poderá ser,
Além de promessas
Palavras
Desejos
Vazios
Fim.


quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Mar morto

Ter resistido à uma depressão,
Me deu força para sobreviver à segunda
E depois dessa, se outras vierem,
Sei que sobreviverei!
Como peixe aflito em um mar inconstante
São ondas que vem,
Às vezes forte, prenúncio de um tsunami
Vem, devasta, e de novo se reorganiza,
Pois o sol sempre volta na manhã seguinte,
O mar novamente se acalma e tarda
Finalmente velei o passado de mim
Enterrei as memórias que alimentava
Renasci do meu próprio ventre
Minhas ancestrais celebram
Celebremos todas!
Volto do fundo do mar
Agora para a floresta
Dançar mais uma vez
Sob o signo do fogo
De ser mulher mais uma vez
E vencer a morte
Dancemos todas!


(Mariana de Almeida)


Imagem: Giselle Itié no fundo do mar.


A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, nadando, atividades ao ar livre e água

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, texto que diz "Não passarão. Na manha Na força Να marra Ou aporrada vida te joga na estrada, É matar ou morrer Cada dia ação Cada dia ilusão Cada dia ração, Eu que tanto apanhei Aprendi bater Aprendi a tar Aprendi afiar Meus versos como navalha Να cara dos canalhas; sobre mim não passar ão Impunemente Sem sangrar coração Mar riana de Almeida"

quarta-feira, 22 de julho de 2020

É preciso enterrar o passado
Os mortos precisam descansar
E nós também.

(Mariana de Almeida)

A imagem pode conter: avião e céu

Homenszap.

Coisa mais previsível
São a maioria dos homens!
Nenhuma surpresa
Nenhum insight decente
Nada!

"Sonhei com você essa noite!
Quer ver como você me deixa?
Me manda uma foto de agora
Quer ver meu grande falo?
Como posso te foder?..."

Coisa mais insuportável
São os dias smartphones de hoje!
Sou constantemente invadida
Por mensagens indevidas
Em pleno meio-dia!

Vai para a casa do seu caralho!
Se não é capaz de me seduzir
Com o seu cérebro, desapareça da Terra,
Você não serve nem como verme
Você é apenas mais um otário!

Infeliz da Mulher que cai nessa cilada
Pensando em ser amada
Por mais um babaca frustrado
Foda-se você e seu próprio falo
Eu me apaixono por cérebros multicolores.


(Mariana de Almeida)


Projeto do fundo abstrato multicolor | Vetor Grátis

terça-feira, 21 de julho de 2020

Mortes.

   Quero contar sobre o nascimento da morte em nossos dias. Sim, há algum tempo, não sei exatamente desde quando, dei de parir mortes. Sei que gestacionei cada uma delas, mas agora que aqui estão eu as renego, não as reconheço e nem mesmo sinto o menor afeto. Está certo, sou responsável pelo seus nascimentos em minha vida, caí na cilada de me encontrar com os mortos e assim prenhei e depois pari!
   As mortes são diferentes, cada uma com sua própria personalidade, não tenho como domá-las. Me encantam por serem fêmeas, assim como a vida! Mas depois do breve encantamento, eu as rejeito. Não sou obrigada alimentá-las, meu par de tetas não tem mais sustância nem firmeza para isso, tampouco quero tocá-las ou acostumar-me à presença delas comigo. Sim, eu as gerei, eu confesso! As mortes nasceram e agora me querem como um amor maternal. Estarei sofrendo de depressão pós-morte?
   Eu me prenhei da morte quando aceitei seu primeiro tapa em minha face, quando você mandou-me calar a boca para lhe escutar, quando você explicou porque eu era burra demais e gaguejava na frente de todos, entre outras cenas da nossa triste vida. 
   A segunda vez que me prenhei da morte foi quando aceitei um subemprego o qual não me alimentava nem o corpo e nem a alma, era a sistematização da aniquilação, mas eu continuava porque sou muito fiel e da fidelidade também se pari Mortes.
   E mais uma vez pari. Fui à uma festa ao encontro de amores do passado, encontrei quem nunca me encontrou antes, mas prometia-me o depois. Foram tantas emoções, vestidos, malas, viagens e um aeroporto vazio só para mim. Voltei para o meu ponto de partida, quis foder com a morte, prenhei e pari. Agora eu pago este preço! 
   Com o nascimento das mortes em minha vida, percebi como um acontecimento mal cuidado leva a outro, a outro e depois outro. Uma sucessão de má ideias e desenrola-se um enredo funesto chamado de destino. Por isso, hoje mesmo decidi matar minhas mortes a sangue frio. É chocante, eu sei. Mas chegamos naquele exato momento da linha da vida em que somente eu ou elas poderão seguir adiante. E para salvar a minha vida, pela primeira vez, decidi que serei eu a continuar viva e não as minhas mortes. Despeço-me de cada uma com a lâmina fina e quente da minha navalha chamada alegria. E desta quero me prenhar pelo resto dos dias.
   Das mortes, quero o justo sepultamento e o adeus sem falsas memórias.


(Mariana de Almeida)





quarta-feira, 15 de julho de 2020

Palavra

Palavra
É lavra
Na pele do tempo

Metal extraído
Do fundo da terra
Lavado na lágrima

Reluz
Fere
Liberta
Ou mata

A fome
A terra
O poema
Ou o homem.


Mariana de Almeida.

2020

Medo de morrer

Medo de continuar

E esquecer

O antes;

As flores

O pólen

O Sol

A liberdade

Tudo que era quando eu não sabia ser.


Mariana de Almeida.

O afeto.



   Cada dia que passa lembro-me mais das pessoas que já amei, como passaram e deixaram marcas em mim. Lembrei aleatoriamente da Tia Cleusa, quem diria, a Tia que me vendia o melhor brigadeiro do mundo.  Hoje me olho no espelho e reconheço a Tia Cleusa que há em mim, os olhos fundos, as mãos aflitas, a preocupação com o fechamento das contas do mês que nunca fecham,  o sono após o almoço,  a vista prejudicada pelos livros e agora celulares, a aceitação da tudo como uma benção e uma cruz.
   A Tia Cleusa era a dona da cantina de onde estudei por anos, ela nos atendia com tanto carinho, que me apaguei demais à ela e aos doces que vendia. Quando eu não tinha dinheiro,  ela deixava comprar fiado,  o que me dava mais prazer ainda pelo doce e pela confiança dela em mim. Eu sempre esperava pela hora do intervalo para vê-la abrir o sorriso e dizer: "Bom dia, minha fofura! Você está boa?" e aquilo enchia meu coração de uma alegria instantânea e embora tantas vezes eu estivesse triste, nunca confessei nada à ela. Então eu respondia: "Oi Tia! Estou bem sim, vou querer um brigadeiro dois amores" e ela escolhia o mais bonito para mim. 
   No decorrer do ano letivo, eu ficava degustando meu brigadeiro ou lanche no balcão da cantina com minhas poucas amigas, afinal ter muitas amigas e ser popular requeria alguns pré-requisitos os quais eu não possuía, enquanto ela contava suas histórias, às vezes falava mal do marido encostado, às vezes falava do cansaço que  dava ter três filhas, várias vezes falava pelos cotovelos mal do governo, de como era difícil pagar em dia pelo ponto da cantina todos os meses, de como era difícil fazer dieta em um mundo com tantas coisas gostosas para se comer, entre outras coisas. Eu adorava ouvi-la, saber da sua vida além da cantina. Me arrependo tanto de nunca ter dito o quanto ela me inspirava, o quanto ela transmitia força e luz para mim. Às vezes imaginava como seria ser filha dela, será que ela era carinhosa assim em casa também? Ao final ela sempre repetia para nós: "Cada um tem sua cruz nesse mundo, é assim! Mas Deus não dá uma cruz maior do que você pode suportar" entre outras reflexões. Eu pensava se era mesmo verdade isso, porque eu não gostava da minha cruz, não gostava da cruz da minha mãe nem da cruz das pessoas boas do mundo. Eu nem tinha religião, por que então teria que carregar uma cruz? Enquanto isso ela continuava falando e depois beijava com força seu crucifixo que usava diariamente no colar, acho que era de ouro. 
  Quando eu voltava para casa e encontrava minha mãe triste no sofá,  repetia as frases "motivacionais" que aprendia com a Tia Cleusa. Ela ouvia me dando a melhor atenção que podia e depois, pensativa, respondia: "É verdade, minha filha". Assim a vida ia passando. 
   Um dia a Tia não foi trabalhar, dei de cara com o molenga do marido dela sentado no caixa da cantina ouvindo esporte pelo rádio de pilha. Desisti do doce.
   Passaram mais muitos dias e nada dela, a escola tinha perdido algo de felicidade para mim, até que no final do ano eu a vi chegando e carregando algumas  sacolas e embalagens.  Estava carequinha, inchada e com o passo mais curto. Logo abriu um sorriso quando me viu, eu sorri também e corri para o banheiro chorar. Aquela Cruz ela não merecia, aquela não! 
   O câncer de mama a pegou sorrateiramente e quando descobriu já era metástase,  a coluna doía demais e a respiração era ofegante. Mas era preciso pagar o aluguel do ponto. Era preciso muito mais para carregar a Cruz.
   Ela se foi... e o molenga do marido continuou com o rádio de pilhas rindo e chorando pelo futebol por anos. Cada um tem a sua cruz...
   Penso na minha, nunca a aceitei, uma impostora, sádica e debochada... Penso quando ela trará meus tumores, com certeza estará rindo de mim! Ela sempre vence, eu que chore pelo resto da vida em posição fetal!
   Quero estar pronta. Quero lembrar dos afetos que recebi de estranhos, do jeito que a Tia Cleusa me chamava de fofura, biju, marianinha, menina de ouro, florzinha, formiguinha, meu amor... Não pensarei em dor alguma, só nos afetos gratuitos todos.
   O afeto previne o suicídio, o câncer,  a gripe e a fadiga do coração.  O afeto é quentinho e amarelo como o sol em uma manhã de inverno. 
   O afeto é um brigadeiro num dia ruim da infância. 



















Mariana de Almeida.  

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Poema velho.

Envelhecer nos silencia
São pequenos ímpetos que silenciamos
Já não me vale a pena certas palavras
Emudeço ante o horror, o gélido e o feio
Não falarei também sobre como te esqueci
(Guardo as melhores palavras só para mim)
Poderia falar de como gosto de coisas novas
Um livro novo, um café, um cigarro depois
Mas isso já é tão velho em mim...
Poderia contar sobre meu novo vício
Sabonetes de limão siciliano humm
Aquele cheiro que invade a pele, a casa e tudo que os olhos veem!
Poderia contar sobre como tenho gostado mais de cozinhar
Como tenho colecionado plantas, elas parecem cantar para mim
Também deveria contar como os cabelos estão nascendo brancos e eu os observo com respeito!
Poderia contar como é lindo ver um filho crescer e ser uma pessoa boa no mundo
Poderia contar que quero ter um gato pela primeira vez
Poderia contar tantos segredos lindos!
Mas minha voz falha perante o absurdo
Deixo minha vista cansada saborear o silêncio do que não precisa ser dito
Penso no horror, mas recuso-me a falar
Minha garganta trava em protesto!
Tenho me silenciado, tenho envelhecido, tenho sabonetes novos guardado em gavetas íntimas
Tenho me protegido de quem fui para receber quem agora sou e não há muito o que falar.
É preciso silêncio para se envelhecer em paz.


A imagem pode conter: noite

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Rendo-me.

Rendo-me
Porque sei que perdi
Rendo-me
Porque sei que pequei
Rendo-me
Porque embora tentei fugir
Sabia que não haveria saída
Teus olhos caminhos de abismo
E se errei ao testar até o fim
Pagarei a pena imposta
Com êxtase e glória!
Minha perdição foi você
Demônio que prometia a paz
Torturou-me a carne com palavras
Marcou em brasa meu coração
Entre minhas pernas fez morada
Profana oração.


Arte: Katiko.
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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Bandido.

Aquele bandido
Não bastasse entrar na minha vida
E roubar tudo que havia dentro dela
Alegria, livros, discos, umas roupas
Mas deixou meu cinzeiro de estimação
Os cigarros se foram, o whisky também
Ficou o porta retrato abstrato...
Aquele bandido
Roubou meu pequeno aquário de sonhos
E foi vivê-lo com outra iludida
Aquário velho, peixes novos
Sonhos velhos, tempos novos
Aquele bandido
Antes fosse só isso
Fiquei sem água
Sem cigarro
Sem chão...
Deixou a luz ser cortada
Gastou o dinheiro no bar
Apostou tudo no bicho
E deu azar
Perdemos tudo.

Maldito burro!

(Mariana de Almeida)

Resultado de imagem para animais jogo do bicho burro

Nude.

Tive que pagar o preço
Todos sabiam do erro
O vazamentto
Da besteira
Das tetas nuas
Tela impressionista
Do quadro
Na sala 
Da tela
Do computador
A dor exposta
Em megapixels
Na cor nude
Que escondia
O vermelho
Sangue
Sangue
Sangue.

(Mariana de Almeida)


Resultado de imagem para sangue tumblr

Feliz.

Eu fui tão feliz!
Estou tão grata...
Não porque vi os dias claros
Em tempos escuros,
Não porque senti o calor
Em plena tempestade de neve,
Não porque senti o amor
Em pleno bombardeio de ódio,
Não porque colhi os girassóis
Em uma terra improdutiva,
Mas porque sei que estava viva
Quando todos, loucos,
Já estavam em estado
De putrefação moral!
Eu fui tão feliz!
Eu estava viva
E eu pude ser
Tudo que o amor prometia.

(Mariana de Almeida).

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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Sei que sou mulher.

Sei que sou mulher
Toda vez que nego o mundo
E sou queimada por ele,

Sei que sou mulher
Toda vez que nego o sistema
E sou perseguida por ele,

Sei que sou mulher
Toda vez que nego o homem
E sou ameaçada por ele,

Sei que sou mulher
Toda vez que me tiram a paz
Toda vez que me roubam o ar
Toda vez que me deixam no vão,

Sei que sou mulher
Quando me reconheço em outras mulheres
Temos o mesmo semblante e olhos cansados
Temos os mesmos sonhos e cárceres privados,

Sei que sou mulher
Quando distraída vejo meu reflexo no espelho
E cumprimento minha avó, minha mãe e minha filha
Dentro de minha pele, ossos, lágrimas e sangue,

Sei que sou mulher
Que meu útero de outros úteros fecundaram a terra
E carregaram gentes de outras gentes de outras
Do fundo do oceano para o chão que agora piso
E sujo meus pés porque sei que sou mulher.


(Mariana de Almeida)


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sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Por que o feminismo ainda assusta tantas mulheres?

   Por que ainda em pleno século XXI a palavra feminismo assusta tantas mulheres, além do homens?
Se o feminismo, diferente do machismo, não ameaça ninguém e traz luz às mulheres do mundo, validando seus direitos e desejos individuais, por que a ideia da mulher ser livre ainda assusta tanto?
   Aquela balela contada ao longo da evolução da humanidade de que as mulheres vieram da costela do homem é tão enraizada no inconsciente coletivo e disseminada por instituições religiosas que muitas ainda submetem-se às ordens e desejos dos homens, obedecendo-os incondicionalmente.
   Quando uma mulher desperta e consegue enxergar sua humanidade, seus desejos, seus sonhos e seu próprio corpo independente da autoridade moral e política dos homens, ela descobre-se um ser crítico social  e daí seu desejo de liberdade imerge e vem à tona.
   É como um despertar instintivo da mulher-loba que trazemos em nosso íntimo, como bem disse a psicanalista e escritora Clarissa Pinkola Estés ao falar sobre a mulher selvagem que habita em nós, a mulher que se recusa a ser domesticada para servir aos homens e ao sistema capital, mesmo correndo sérios riscos de vida. Quantas mulheres ainda hoje morrem por desafiar as leis impostas pelo patriarcado ao negarem a eles a subserviência?
   Hoje o feminismo intimida tantas mulheres exatamente pelo retrocesso social o qual temos vivido, o feminicídio explodiu nas estatísticas e nos noticiários diários das grandes mídias. Os homens estão nos matando mesmo! Nos matam por negarmos sexo, por negarmos um relacionamento que não nos interessa mais, por negarmos suas vontades, por negarmos sua violência e por negarmos seus privilégios que não cabem mais nessa realidade.
   A cada cinco dias, no estado do Rio de Janeiro, uma mulher é assassinada pelo simples fato de ser mulher, segundo o Dossiê Mulher, estudo feito anualmente pelo Instituto de Segurança Pública (ISP). Já em termos de País, o Brasil ocupa o 5º lugar no ranking mundial de feminicídios, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas pra os Direitos Humanos (ACNUDH). O país só perde para El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia em número de casos de assassinato de mulheres. 
   Quem poderá nos salvar? A igreja? O Estado? O Mercado? A ONU? Infelizmente parece que nenhum destes. Pelo que tudo indica, as mulheres só podem contar uma com outras. São as mulheres quem podem educar os novos homens para esse tempo em que elas devem ser vistas como seres humanos autônomos, além importância da criação de políticas públicas e para isso devemos eleger vereadoras, deputadas e líderes de governo municipais, estaduais e federal que lutem pelos direitos humanos e civis das mulheres.
   Só assim poderemos tomar medidas reais para frear esse genocídio o qual estamos vivendo, ou melhor, o qual estamos morrendo.

   Moços, parem de nos matar!!!

(Mariana de Almeida)

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quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Mães solos de LGBTs.

   Mães solo de LGBTs sofrem muito mais violência psicológica do que se pode imaginar. A família e o meio social em geral julgam e responsabilizam essa mãe pela orientação sexual de seus filhos. As pessoas homofóbicas têm sempre argumentos conservadores e agressivos na ponta da língua ao acusarem a mãe pela educação dada ao filho em que foi "permitido" o jovem revelar tal identidade e desestruturar a frágil estrutura familiar fomentada em moralismo, hipocrisia e violência.
   A mãe solo, como o nome já diz, foi deixada ou deixou seu parceiro e pai biológico desse filho e assim o criou e educou totalmente sozinha, e embora estivesse sofrendo e passando por sérios problemas sociais, financeiros e emocionais, foi também e continua sendo alvo de críticas e apedrejamento social e familiar por rejeitarem seu filho LGBT.
   As mães também são atingidas pela LGBTfobia, não bastasse o pavor que sentem  por seus filhos estarem à margem de uma sociedade conservadora e extremamente raivosa, visto que o Brasil é um dos paises que mais mata lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais e o governo atual não tomou nenhuma medida protetiva à essa comunidade que merece nosso respeito e apoio, visto que são cidadãos que trabalham, estudam, pagam impostos e por isso devem ter os mesmos direitos e deveres que os todos.
   As mães de filhos LGBTs que lutam por seus direitos civis e humanitários estão adoecendo de medo, angústia, violência, solidão, preconceito e depressão! Isso quando não são acusadas pelo pai biológico pela condição de seus filhos. É comum serem intimadas a responder: "O que você fez para criá-lo assim?" ou "Veja o que você permitiu que seu filho se tornasse!", "Você é a culpada!" entre outras acusações.
   É urgente lançarmos um olhar mais solidário para as mães solos que temem por seus filhos em uma sociedade tão violenta, preconceituosa e desigual.

Acolher, essa é a palavra que pode ajudar e salvar vidas de tantos LGBTs e suas mães. Acolhimento, respeito, inclusão, solidariedade e civilidade a todos.



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(Mariana de Almeida - Poetisa, escritora, humanista, mãe solo e divulgadora de conteúdo)

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