sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Voo

Não se pode ir para longe

Quem embora tenha pés

Mas não tenha fé


Não se pode atravessar o mar

Quem não vence o ar

Por medo de se afogar


Não se pode bater as asas

Quem feriu o impulso

Do desejo primário de voar


Não, não se pode partir

Quem um dia foi punido

Pelo desejo de paisagem,


Mas não, não se pode ficar

Quem ousou contra

A trinca de ferro da janela

Só para voar aos céus.


(Mariana de Almeida)














Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

Sobre escrever.

Escrever é preciso, ser lido já é outra coisa Escrever é necessidade, impulso, grito Ser lido é invasão, dedo na cara, condenação Jul...