Não se pode ir para longe
Quem embora tenha pés
Mas não tenha fé
Não se pode atravessar o mar
Quem não vence o ar
Por medo de se afogar
Não se pode bater as asas
Quem feriu o impulso
Do desejo primário de voar
Não, não se pode partir
Quem um dia foi punido
Pelo desejo de paisagem,
Mas não, não se pode ficar
Quem ousou contra
A trinca de ferro da janela
Só para voar aos céus.
(Mariana de Almeida)
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