terça-feira, 12 de junho de 2018

Do verbo ser:

Sou uma mulher de avessos, de desertos, de geleiras e verões intensos.
Sou uma mulher de muitas viagens, posso ir de norte a sul em segundos.
Fugir do leste rumo ao oeste selvagem sem deixar rastros. Não me basto, não me caibo e não me acho... Minha desordem é mais que mental, é social, é moral, é demasiadamente humana e por isso me fere.
Sei que sou estranha... me afasto dos comuns, me apego aos difíceis, detesto bons modos e detesto mais ainda deselegâncias, coleciono manias incompreensíveis, adoro incertezas e fujo dos que não me convencem à primeira vista.
Queria inverter a ordem das coisas, seria mais fácil gostar do que todos gostam e me dar por satisfeita com o pouco que ainda tenho. Queria sentir paz e não essa enorme aflição que me rouba o sono e as horas. Desejo a tua boca, meu paraíso particular, minha maldição, minha morte anunciada e redenção.
Minha sede de encontrar não sei o quê.

(Mariana de Almeida).

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, sapatos e close-up

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