Quando você descobre que é a tela de alguém...
Quando seus olhos estão em tantos lugares desse mundo, mas sempre olhando para o mesmo horizonte...
Utopia sem fim, essa da gente querer ser feliz.
(Mariana de Almeida).
Um diário denunciando através de poesias e crônicas as dores e delícias de uma mulher face ao século XXI.
sexta-feira, 31 de março de 2017
Dói.
Dói o último trago
Dói o último silêncio
Dói o último adeus...
Que anuncia seu fim;
Dói enterrar os vivos
Adubar a terra com o que se foi;
Dói a chuva que molha
Para germinar o que virá;
Como dói o último pôr do sol
Antes da escuridão da noite
Para de novo, o novo emergir.
( Poema: Mariana de Almeida).
domingo, 26 de março de 2017
Luta de luto.
Viva o povo brasileiro!
Darcy Ribeiro...
A Pedagogia do Oprimido
Que nos libertaria
Como Paulo Freire queria
As veias abertas da América Latina
Ainda sangram por justiça
Nem Galeano
Nem Sérgio Buarque de Hollanda
Saberia dos nossos tristes enganos
Ignorância e fome matam o homem
Nesse solo de almas secas
Que governam nosso país
Em troca de algum dinheiro
Que não compra a beleza
A dor não se terceiriza
A luta está de luto!
quinta-feira, 16 de março de 2017
Vida.
Eu queria a escolha certa
Eu queria nunca mais errar
Eu queria amar uma pessoa
Decente socialmente
Eu queria a ordem ao caos
Eu queria a casa própria
Ao aluguel incerto de cada mês
Eu queria a dispensa cheia
Ao perambular por restaurantes
Eu queria os sucos detox
O corpo sarado
A vida saudável
Aos bares cheios de dor
Eu queria um cartão Gold Plus
Ao viver devendo minha vida ao banco
Eu queria a tranquilidade dos dias programados
Ao tsunami que são meus dias inesperados
Eu queria uma vida de comercial de margarina
Todos sorrindo juntos no café da manhã
O sol calmo lá fora
A casa limpa
As crianças felizes
Nossos dias de perfeito tédio.
Mas o que eu tenho, 24h por dia,
É o relógio atrasado me chamando
A vida uivando lá fora
E os lençóis da cama desarrumados
Gozando por nós.
(Mariana de Almeida).
Eu queria nunca mais errar
Eu queria amar uma pessoa
Decente socialmente
Eu queria a ordem ao caos
Eu queria a casa própria
Ao aluguel incerto de cada mês
Eu queria a dispensa cheia
Ao perambular por restaurantes
Eu queria os sucos detox
O corpo sarado
A vida saudável
Aos bares cheios de dor
Eu queria um cartão Gold Plus
Ao viver devendo minha vida ao banco
Eu queria a tranquilidade dos dias programados
Ao tsunami que são meus dias inesperados
Eu queria uma vida de comercial de margarina
Todos sorrindo juntos no café da manhã
O sol calmo lá fora
A casa limpa
As crianças felizes
Nossos dias de perfeito tédio.
Mas o que eu tenho, 24h por dia,
É o relógio atrasado me chamando
A vida uivando lá fora
E os lençóis da cama desarrumados
Gozando por nós.
(Mariana de Almeida).
quarta-feira, 8 de março de 2017
A culpa é minha!
Desculpa-me essa cara
Desculpa-me essas marcas
Ele estava nervoso,
Ele estava num dia ruim,
Ele estava sob muita pressão,
Ele estava preocupado,
Ele estava com dívidas,
Eles estava alcoolizado,
Ele estava cheirado,
Ele estava irritado,
Ele estava mal humorado,
Ele estava muito cansado,
Ele estava com problemas,
Ele estava transtornado,
Ele estava infeliz...
Me desculpe,
Pensando bem
Acho que eu caí da escada.
Ele não fez nada não.
A culpa é sempre minha.
terça-feira, 7 de março de 2017
Mataram. ( #Poesiapraguerra )
Mataram Maria no ponto de ônibus
Mataram Clarice indo para a missa
Mataram Cristina na porta da escola
Mataram Lourdes saindo do trabalho
Mataram Clara naquele beco escuro
Mataram Sonia na esquina de casa
Mataram Ana depois de a estuprarem
Mataram Cinthia por pura vingança
Mataram uma mãe
Mataram uma filha
Mataram uma amiga
Mataram uma mulher
Mataram uma família
Os motivos?
São sempre os mesmos...
João, Pedro, Antônio, Carlos, Moacyr e outros
Não aceitaram o fim dos seus relacionamentos
Abusivos e repletos de violência
O qual eles chamavam de amor
João ainda justificou que foi preciso lavar sua honra,
Pedro disse que ela mereceu,
Antônio chamou a mãe dos seus seis filhos de puta,
Carlos disse que são todas vagabundas,
E Moacyr jura que mulher direita só existiu uma
Hoje respondem por processos
Apenas processos para explicarem
E finalmente provarem porque
Tiveram razão de matar tantas mulheres
Do nosso pobre país amaldiçoado
Pela pobreza, ignorância e violência
Onde exterminam mulheres e meninas
Vítimas dessa epidemia maldita
Conhecida como machismo,
Misoginia e Feminicídio.
(Mariana de Almeida)
Imagem: Protesto em Florianópolis-SC contra o assassinato de mulheres.
domingo, 5 de março de 2017
Gira Sol.
Os girassóis, assim como nós, também morrem.
Os girassóis vivem juntos nos campos
Seguem a direção do sol
Entristecem na escuridão
E secam de solidão e frio
Nas noites sem você.
Os girassóis vivem juntos nos campos
Seguem a direção do sol
Entristecem na escuridão
E secam de solidão e frio
Nas noites sem você.
Cenas do cotidiano.
Nos adicionamos
Através de amigos em comum
Trocávamos mensagens in box
Cinco minutos de papo
E foram o suficiente
Para irmos direto ao ponto
Química virtual total
Quase nos comemos ali mesmo
Pela tela do computador
Entre palavras mal digitadas
E desejos confessados
Delirávamos e às vezes trocávamos canções
Nosso bom dia era assim
Eu mandava um Led para ele
E ele respondia com Billie Holliday.
Então marcamos um chopp
Sexta-feira a noite
Foram três chopes, algumas risadas
E sexo de primeira por toda a madrugada
Falamos poucos e fizemos muito
O dia amanheceu e nos separamos
Sem dor, a noite foi boa, simples assim.
Através de amigos em comum
Trocávamos mensagens in box
Cinco minutos de papo
E foram o suficiente
Para irmos direto ao ponto
Química virtual total
Quase nos comemos ali mesmo
Pela tela do computador
Entre palavras mal digitadas
E desejos confessados
Delirávamos e às vezes trocávamos canções
Nosso bom dia era assim
Eu mandava um Led para ele
E ele respondia com Billie Holliday.
Então marcamos um chopp
Sexta-feira a noite
Foram três chopes, algumas risadas
E sexo de primeira por toda a madrugada
Falamos poucos e fizemos muito
O dia amanheceu e nos separamos
Sem dor, a noite foi boa, simples assim.
Agora, depois de mais de um ano
Nos reencontramos na fila do supermercado
Ele sorriu e nos abraçamos forte
Perguntou como vai a minha vida
Eu respondi daquele jeito de sempre
"Um dia de cada vez..."
Ele me contou que está com câncer
Tratando e resistindo
Perguntei se podia ajudar em alguma coisa
Ele disse que sim
Que precisava as vezes ter alguém para conversar
Trocamos de novo telefones
E agora conversamos sobre tudo
Inclusive sobre aquela noite louca
Em que nos entregamos
Sem esperar nada em troca
Sem jamais imaginar o que seria
do amanhã
E rimos, rimos de tudo
As vezes queremos chorar, é fato
A vida está fudida para todo mundo
Ele disse que agora
Tem um motivo a mais para se curar
E que tudo vale a pena
Nascer, morrer e renascer
Quantas vezes preciso for.
Nos reencontramos na fila do supermercado
Ele sorriu e nos abraçamos forte
Perguntou como vai a minha vida
Eu respondi daquele jeito de sempre
"Um dia de cada vez..."
Ele me contou que está com câncer
Tratando e resistindo
Perguntei se podia ajudar em alguma coisa
Ele disse que sim
Que precisava as vezes ter alguém para conversar
Trocamos de novo telefones
E agora conversamos sobre tudo
Inclusive sobre aquela noite louca
Em que nos entregamos
Sem esperar nada em troca
Sem jamais imaginar o que seria
do amanhã
E rimos, rimos de tudo
As vezes queremos chorar, é fato
A vida está fudida para todo mundo
Ele disse que agora
Tem um motivo a mais para se curar
E que tudo vale a pena
Nascer, morrer e renascer
Quantas vezes preciso for.
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