terça-feira, 25 de junho de 2019

Classe média.

Cá estou
Entre a perifa e a elite
Muda...
Sem voz alguma
Para me redimir
Da minha classe
Do meu esgoto
Da minha dor;
Classe média é o limbo,
Classe média é o câncer.
Classe média é a esquina
Do crime
Da noite
Do adeus que nunca daremos;
E a luta de classe foi o sonho
Que não despertou.


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segunda-feira, 17 de junho de 2019

Basta!

Política? Basta! Me retirei...
Lutei demais
Falei demais
Defendi demais
Nada cessou a onda gigante do mar;
Mar se revolta
Mar invade
Mar fica de ressaca
Mar tem maré cheia
Mar recua
Mar tem maré baixa
E no fundo a transformação
Movimento contínuo
Semente de revolução
Tsunami em pleno verão
Arrebentando tudo
Invadindo terras
Praias e civilizações;
Coração marítimo
É o coração do poeta
Que naufraga antes do cais.

Folhetins.

Morram todos com suas respostas perfeitas de como é simples dizer sim;
De como é fácil renunciar à dor, aos dias, ao caos da cidade fascista;
Como é fácil debochar de tudo para os outros; 
Como é fácil contar uma versão de tantos fatos;
Como é fácil julgar o que não se escolhe;
As coisas não ditas são as mais perturbadoras;
Remoem na cabeça antes do sono;
Transformam tudo em espetáculo, em circo;
Você ingênuo, acredita em bondade e solidariedade, enquanto gargalham...
Alguns elos deveriam ser sagrados
E não compartilhado...
Talvez essa seja a resposta de tudo...
Cumplicidade e intimidade expostas em folhetins virtuais
Da nossa ilusão real.

Foda-se!

Foda-se o preço do dólar,
Eu estou doente e não me importa
Foda-se a queda dos imóveis,
Eu estou doente e não me importa
Foda-se que perdi o Masterchef,
Eu estou doente e não me importa
Foda-se você e seu carro novo
Foda-se todos os seus problemas
Foda-se tua solidão impenetrável
Sua angústia inexplicável de tudo
Seu ponto de vista inconcebível,
Foda-se sua teoria da conspiração
Dos Deuses e da ausência de todos eles,
Foda-se sua necessidade de ser correto
Num mundo determinado por algorítimos incertos...
Foda-se tudo isso que nunca me interessou
Eu estou doente e não me importa mais
Fingir que algo me importa para poder pertencer
Eu nunca coube em nenhum espaço mesmo
Agora eu estou doente e a imensidão me corteja
Disfarço até onde posso, nunca sei se já estou pronta
Mesmo nas relações mais tóxicas, dizer adeus me doeu,
Sempre me apeguei a qualquer pedaçinho de atenção
Agora estou doente, talvez consiga vencer o câncer
Já o tédio ou o fascismo das ruas eu não sei
Viver me doeu desde muito cedo.


(Mariana de Almeida).




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