Foda-se o preço do dólar,
Eu estou doente e não me importa
Foda-se a queda dos imóveis,
Eu estou doente e não me importa
Foda-se que perdi o Masterchef,
Eu estou doente e não me importa
Foda-se você e seu carro novo
Foda-se todos os seus problemas
Foda-se tua solidão impenetrável
Sua angústia inexplicável de tudo
Seu ponto de vista inconcebível,
Foda-se sua teoria da conspiração
Dos Deuses e da ausência de todos eles,
Foda-se sua necessidade de ser correto
Num mundo determinado por algorítimos incertos...
Foda-se tudo isso que nunca me interessou
Eu estou doente e não me importa mais
Fingir que algo me importa para poder pertencer
Eu nunca coube em nenhum espaço mesmo
Agora eu estou doente e a imensidão me corteja
Disfarço até onde posso, nunca sei se já estou pronta
Mesmo nas relações mais tóxicas, dizer adeus me doeu,
Sempre me apeguei a qualquer pedaçinho de atenção
Agora estou doente, talvez consiga vencer o câncer
Já o tédio ou o fascismo das ruas eu não sei
Viver me doeu desde muito cedo.
(Mariana de Almeida).
Um diário denunciando através de poesias e crônicas as dores e delícias de uma mulher face ao século XXI.
segunda-feira, 17 de junho de 2019
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