segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Urgente!


É urgente!
Eu preciso do poema certo!
Eu preciso das palavras certas!
Eu preciso do grito óbvio!

É urgente!
Todos estão surdos!
Todos estão cegos !
Todos estão mudos!

Mas é urgente,
Eu juro!
Meu grito mudo
Sufoca a palavra cega
Nesse murmúrio surdo

É urgente!
Eu te estendo minha mão
Eu ouso articular a palavra
Eu tento abrir seus olhos

É urgente!
Veja!
Ouça!
Sinta!
E grite o que eu não posso mais!
Nenhum poema vai me salvar
Do infinito abismo de ausências
Que cultivei dia a dia
Compondo minha mais bela ode
Para o triunfo final que nunca haverá.

É urgente!

(Mariana de Almeida).

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