sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Por que o feminismo ainda assusta tantas mulheres?

   Por que ainda em pleno século XXI a palavra feminismo assusta tantas mulheres, além do homens?
Se o feminismo, diferente do machismo, não ameaça ninguém e traz luz às mulheres do mundo, validando seus direitos e desejos individuais, por que a ideia da mulher ser livre ainda assusta tanto?
   Aquela balela contada ao longo da evolução da humanidade de que as mulheres vieram da costela do homem é tão enraizada no inconsciente coletivo e disseminada por instituições religiosas que muitas ainda submetem-se às ordens e desejos dos homens, obedecendo-os incondicionalmente.
   Quando uma mulher desperta e consegue enxergar sua humanidade, seus desejos, seus sonhos e seu próprio corpo independente da autoridade moral e política dos homens, ela descobre-se um ser crítico social  e daí seu desejo de liberdade imerge e vem à tona.
   É como um despertar instintivo da mulher-loba que trazemos em nosso íntimo, como bem disse a psicanalista e escritora Clarissa Pinkola Estés ao falar sobre a mulher selvagem que habita em nós, a mulher que se recusa a ser domesticada para servir aos homens e ao sistema capital, mesmo correndo sérios riscos de vida. Quantas mulheres ainda hoje morrem por desafiar as leis impostas pelo patriarcado ao negarem a eles a subserviência?
   Hoje o feminismo intimida tantas mulheres exatamente pelo retrocesso social o qual temos vivido, o feminicídio explodiu nas estatísticas e nos noticiários diários das grandes mídias. Os homens estão nos matando mesmo! Nos matam por negarmos sexo, por negarmos um relacionamento que não nos interessa mais, por negarmos suas vontades, por negarmos sua violência e por negarmos seus privilégios que não cabem mais nessa realidade.
   A cada cinco dias, no estado do Rio de Janeiro, uma mulher é assassinada pelo simples fato de ser mulher, segundo o Dossiê Mulher, estudo feito anualmente pelo Instituto de Segurança Pública (ISP). Já em termos de País, o Brasil ocupa o 5º lugar no ranking mundial de feminicídios, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas pra os Direitos Humanos (ACNUDH). O país só perde para El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia em número de casos de assassinato de mulheres. 
   Quem poderá nos salvar? A igreja? O Estado? O Mercado? A ONU? Infelizmente parece que nenhum destes. Pelo que tudo indica, as mulheres só podem contar uma com outras. São as mulheres quem podem educar os novos homens para esse tempo em que elas devem ser vistas como seres humanos autônomos, além importância da criação de políticas públicas e para isso devemos eleger vereadoras, deputadas e líderes de governo municipais, estaduais e federal que lutem pelos direitos humanos e civis das mulheres.
   Só assim poderemos tomar medidas reais para frear esse genocídio o qual estamos vivendo, ou melhor, o qual estamos morrendo.

   Moços, parem de nos matar!!!

(Mariana de Almeida)

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quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Mães solos de LGBTs.

   Mães solo de LGBTs sofrem muito mais violência psicológica do que se pode imaginar. A família e o meio social em geral julgam e responsabilizam essa mãe pela orientação sexual de seus filhos. As pessoas homofóbicas têm sempre argumentos conservadores e agressivos na ponta da língua ao acusarem a mãe pela educação dada ao filho em que foi "permitido" o jovem revelar tal identidade e desestruturar a frágil estrutura familiar fomentada em moralismo, hipocrisia e violência.
   A mãe solo, como o nome já diz, foi deixada ou deixou seu parceiro e pai biológico desse filho e assim o criou e educou totalmente sozinha, e embora estivesse sofrendo e passando por sérios problemas sociais, financeiros e emocionais, foi também e continua sendo alvo de críticas e apedrejamento social e familiar por rejeitarem seu filho LGBT.
   As mães também são atingidas pela LGBTfobia, não bastasse o pavor que sentem  por seus filhos estarem à margem de uma sociedade conservadora e extremamente raivosa, visto que o Brasil é um dos paises que mais mata lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais e o governo atual não tomou nenhuma medida protetiva à essa comunidade que merece nosso respeito e apoio, visto que são cidadãos que trabalham, estudam, pagam impostos e por isso devem ter os mesmos direitos e deveres que os todos.
   As mães de filhos LGBTs que lutam por seus direitos civis e humanitários estão adoecendo de medo, angústia, violência, solidão, preconceito e depressão! Isso quando não são acusadas pelo pai biológico pela condição de seus filhos. É comum serem intimadas a responder: "O que você fez para criá-lo assim?" ou "Veja o que você permitiu que seu filho se tornasse!", "Você é a culpada!" entre outras acusações.
   É urgente lançarmos um olhar mais solidário para as mães solos que temem por seus filhos em uma sociedade tão violenta, preconceituosa e desigual.

Acolher, essa é a palavra que pode ajudar e salvar vidas de tantos LGBTs e suas mães. Acolhimento, respeito, inclusão, solidariedade e civilidade a todos.



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(Mariana de Almeida - Poetisa, escritora, humanista, mãe solo e divulgadora de conteúdo)

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