Meu único bem
É um celular de tela trincada
Android ultrapassado
Memória esgotada
Às vezes tem créditos
Às vezes não
Às vezes trava
Justo na hora de enviar
A mensagem que poderia
Reiniciar o download
Do meu coração.
(Mariana de Almeida).
Um diário denunciando através de poesias e crônicas as dores e delícias de uma mulher face ao século XXI.
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019
Peso.
Não é o peso do corpo, é da massa
Não é o peso da massa, é da alma
Não é o peso da alma, é da falta
Não é o peso da falta, é da calma
Para levar essa vida, dia após dia
Sem transformar em sina
O buraco na pele de cada ferida;
Não é o peso da massa
E sim dos sonhos abandonados.
(Mariana de Almeida)
Não é o peso da massa, é da alma
Não é o peso da alma, é da falta
Não é o peso da falta, é da calma
Para levar essa vida, dia após dia
Sem transformar em sina
O buraco na pele de cada ferida;
Não é o peso da massa
E sim dos sonhos abandonados.
(Mariana de Almeida)
Fake.
Eram tempos de mentiras
Vestir fantasias era requisito básico
Compartilhar imagens ao invés de sentimentos
Trocar status ao invés de tato
Eram tempos assim
De alienação
Ostentação
E muitos vazios
Todos tão pobres
Todos tão sós
E eu morrendo de fome
Em frente à mesa.
(Mariana de Almeida).
Vestir fantasias era requisito básico
Compartilhar imagens ao invés de sentimentos
Trocar status ao invés de tato
Eram tempos assim
De alienação
Ostentação
E muitos vazios
Todos tão pobres
Todos tão sós
E eu morrendo de fome
Em frente à mesa.
(Mariana de Almeida).
Ouvindo Astor Piazzola.
A vida é urgente!
Não posso esperar mais
Não posso deixar para lá
É urgente, urge, uiva, urra
É pungente!
Não posso mais negar
Quero me entregar
Quero ceder aos prazeres todos
Quero pecar, ser amaldiçoada
Ser para sempre maldita
Pela língua venenosa do povo
Deus me livre ser bem falada
No pequeno vilarejo dos humildes
Dos tristes, dos medrosos, dos ninguéns
Quero deitar-me em todas as camas
Das mais simples às mais pecaminosas
Quero desvendar-me, descaber-me
Desrebelar-me, desnudar-me, desdizer-me
Quero não ser nunca mais, nunca mais
Essa coisa medonha imposta de bons modos
Quero perder-me de amores, de afetos,
De salivas, de olhos, de mãos, de afagos
Quero a verdade, somente a verdade, a única
A definitiva, a mais cruel e impiedosa,
A seiva mortal do deleite dos teus braços
Que tanto procurei, em vão, em becos,
Em noites, em buracos, em desertos,
Em imensos vazios de dor, de corte,
De adeus, de acenos, da morte, da vida.
(Mariana de Almeida)
Não posso esperar mais
Não posso deixar para lá
É urgente, urge, uiva, urra
É pungente!
Não posso mais negar
Quero me entregar
Quero ceder aos prazeres todos
Quero pecar, ser amaldiçoada
Ser para sempre maldita
Pela língua venenosa do povo
Deus me livre ser bem falada
No pequeno vilarejo dos humildes
Dos tristes, dos medrosos, dos ninguéns
Quero deitar-me em todas as camas
Das mais simples às mais pecaminosas
Quero desvendar-me, descaber-me
Desrebelar-me, desnudar-me, desdizer-me
Quero não ser nunca mais, nunca mais
Essa coisa medonha imposta de bons modos
Quero perder-me de amores, de afetos,
De salivas, de olhos, de mãos, de afagos
Quero a verdade, somente a verdade, a única
A definitiva, a mais cruel e impiedosa,
A seiva mortal do deleite dos teus braços
Que tanto procurei, em vão, em becos,
Em noites, em buracos, em desertos,
Em imensos vazios de dor, de corte,
De adeus, de acenos, da morte, da vida.
(Mariana de Almeida)
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